terça-feira, 1 de junho de 2010

É só o vento lá fora...

É só o vento lá fora... 
Que tira as coisas do lugar e me assusta. Que bagunça o espaço, joga poeira em tudo e depois vai embora. É só aquele sopro frio e solitário que o vento tem... 
É só o vento lá fora...
Que podia levar pra longe todos os meus medos e angústias. Que podia levar embora tudo o que não faz bem. Que podia trazer você pra mim... 
É só esse vento lá fora... Que balança as árvores, leva as folhas e traz sementes. Que insiste em levantar meu vestido, desarrumar meu cabelo, perder o equilíbrio. 
É esse mesmo vento lá fora que me deixa voar, que me dá liberdade e que enche meus pulmões, que brinca comigo de esconde-esconde, que faz o seu barco se afastar cada vez mais do meu porto, que não tira essa poeira maldita dos meus (teus) olhos... 
Mais uma vez, estou aqui deitada nesta cama, olhando pra tudo aquilo que tenho que estudar e pensando em como momentos podem ser tão cheios de paz e ao mesmo tempo tão decepcionantes... Paro e penso em como um coração inocente, sensível e sonhador tem o dom de se afundar intermináveis vezes em profundas ilusões. Paro e penso em como seria bom se este coração tivesse a oportunidade de bater em seu compasso certo, pelo menos uma vez. Logo me vem à mente, como este coração, mesmo ferido, pode se acostumar a levar tantas rasteiras em tão pouco tempo. 
Rasteiras constantes, simultâneas, duradouras... Rasteiras que destroem uma nova tentativa de reconstituição. Feridas que demoram a sarar e não cicatrizam facilmente.
É, estou eu aqui, no canto deste quarto frio, pensando em como tenho aguentado tanto. Como ainda consigo olhar pra o céu e encontrar forças pra dar mais um passo rumo ao que qualquer coração apaixonado tem por direito.